30 de out. de 2008

29 de out. de 2008



Citação da noite...


"Se a velhice quer dizer cabelos brancos, se a mocidade quer dizer ilusões fracas, não sou moço nem velho. Realizo literalmente a expressão francesa: 'Un homme entre deux âges'*. Estou tão longe da infância como da decrepitude; não anseio pelo futuro, mas também não choro pelo passado. Nisto sou excessão dos outros homens que, de ordinário, diz um romancista, passam a primeira metade da vida a desejar a segunda, e a segunda a ter saudades da primeira"

Machado de Assis

* "Um homen entre duas idades"



Estava sozinha com seus pensamentos

na estação do metrô...


Apenas seus pensamentos a acompanham

Sente-se plenamente feliz

Tem bons amigos... pessoas

que realmente gosta de ter por perto.


Fome de conhecimento é um ingrediente

que não falta na sua vida,

e os livros?


Ah! Esses são seus cúmplices

de aventuras literárias que aprimoram

o seu olhar, sua escuta,seus sentidos, sua alma...


Quando sente-se vazia por dentro,

é como se a alma estivesse

fora do seu corpo, sem textura.


Sim caro(a) leitor(a), a alma dessa moça

tem textura, uma textura que ela pode sentir,

infelizmente você não perceberá...


Mas você pode tentar se quiser...

Quem sabe consiga identificar

a essência...talvez...


E como essa moça preenche a sua alma?

de que forma?


Tente ler o Livro Das Perguntas

de Pablo Neruda, talvez, você tenha

uma breve noção...


Talvez...porque nem essa moça

tem uma definição exata de como

ocorre esse processo...


Ah! Mas você poderá pensar

que deve ser muito fácil responder

essas questões.... digo as do Neruda!


Tente! Vale a pena!

Decifre primeiro a sua essência e entenda

como é doloroso e ao mesmo tempo delicioso

esse processo de descoberta de si mesmo.


um lembrete: Esse processo não tem fim...

27 de out. de 2008

Acontece em São Paulo


Música Erudita | Antonio Meneses e Celina Szrvinsk


Concerto do duo Antonio Meneses (violoncelo) e Celina Szrvinsk (piano). Com um repertório nascido em concerto de junho de 2007, na CPFL Cultura em Campinas, hoje transformado num CD do selo inglês Avie Records.

Villa Lobos
Cantilena das Bachianas Brasileiras nº5

Bachianas Brasileiras nº2
.
O Canto do Capadócio
. O Canto da Nossa Terra
. O Trenzinho do Caipira Camargo Guarnieri

Sonata nº1
.
Tristonho
. Apaixonadamente
. Selvagem Nadia Boulanger

Três Peças Para Violoncelo e Piano
.
Em Mi Bemol Menor
. Em Lá Menor
. Em Do Sustenido Menor


Bohuslav Martinu
Sonata Para Cello e Piano nº3
. Poco Andante
. Andante
. Allegro

Intérpretes:
Antônio Meneses, cello
Celina Szrvinsk, piano


A gramatica do violoncelo no século 20 – assim se intitulou o concerto da noite de sábado, dia 30 de junho de 2007, no Espaço Cultural CPFL, em Campinas, Brasil, com Antonio Meneses e Celina Szrvinsk. A minha idéia era construir uma apresentação inteira do maior violoncelista brasileiro só com produção musical do século 20, música com cheiro de contemporaneidade. Depois de várias conversas por e-mail com Antonio e Celina, estabelecemos o repertório, que incluía, além das obras presentes neste CD, também a estréia mundial de uma peça do compositor Calimerio Soares, das Minas Gerais.

Quando o concerto transforma-se numa gravação, é tentador qualificá-lo como uma espécie de cartão de visitas da atuação cultural única da CPFL Energia no Brasil. Tentador e justo, já que este é o único projeto cultural brasileiro a privilegiar com dedicação, inteligência, diversidade e muita tenacidade as artes de hoje e de amanhã. Na CPFL Cultura não se fala de ontem. Afinal, não existe outra maneira de tatear em busca do futuro. É função de projetos culturais sérios fomentar iniciativas como esta que agora se concretiza. Orgulhamo-nos sim da ênfase que colocamos, de modo essencial, no contemporâneo. Principalmente quando um músico brasileiro de enorme prestígio internacional como Antonio Meneses grava um CD inteiro com músicas do século 20 e ainda por cima abre largo espaço para criadores como Camargo Guarnieri e Villa-Lobos.

CPFL Cultura – Outubro de 2008
Citação da noite....


"É doce achar na conta da vida passada algumas horas tais que não esquecem, que revivem e fazem reviver os outros"

Machado de Assis

Menina da Lua - Maria Rita

Para ouvir de olhos fechados!

22 de out. de 2008

Citação da noite...


" Há talentos especiais, vocações tendentes a uma certa ordem de aplicação, na qual, como em atmosfera própria, se desenvolvem e se legitimam. A natureza não abre todas as inteligências. Marca-lhes órbitas, como planetas"

Machado de Assis

21 de out. de 2008


Intensa e inquieta...

A sua vida era movida por esses momentos intensos...


Intensidade....



Seu trabalho

sua vida emocional

suas relações



O prazer estava presente

mas um prazer que a fazia acordar cedo com felicidade

aquela felicidade de quem está apaixonado


Paixão...



Esse sentimento arrebatador,

que te movimenta por dentro,

que te sacode



Ela era pura paixão...



Deixava-se transparecer

era nítido como era bela e

vistosa...



Seu perfume era sentido de longe, sabia-se que estava chegando, seu corpo carnudo, digno de um abraço bem apertado



Suas conversas...



Inteligente e sensível,

mas ao mesmo tempo de

uma extrema simplicidade



Essa simplicidade que dispensa formalidades e sofisticação



Para ela, o lugar não importava muito,embora, acrescentasse como um detalhe...



A companhia era o suficiente,

bastava estar bem, feliz

e viva.

Citação da noite...

" Só a beleza intelectual é independente e superior. A beleza física é irmã da paisagem"

Machado de Assis


Vinhaalgum tempo tendo pensamentos

que estavam lhe tirando o sossego

Um calor que invadia o seu corpo...


Pensava que poderia mudar a sua vida

Mas ao mesmo tempo o medo

A invadia por dentro


O desconhecido...


Sensação que causava ansiedade

Queria viver intensamente

Seus pensamentos...


Concretizá-los...


Uma ansiedade que dava alegria

Pela primeira vez sentia-se

Autônoma...


Conhecer, se conhecer

Descobrir ou redescobrir

Algo que lhe pertencia?


Porque demorara tanto tempo

Para buscar essa autonomia?

Autonomia de se permitir sentir.


Talvez não era tempo...


E agora a intensidade

Pulsante...

Vamos! Viva isso!


Seja você!

Aceite-se! E se permita

ser feliz!


Ela refletia...


Nem sempreser feliz

significa ser normal...

O que é ser normal?


Reflexões...


De perto ninguém é normal

É bom ser louco dentro da sua normalidade

E que a felicidade seja saudável


E que te faça bem!

É isso o que importa!


O que os outros pensam....

Cada um busca a felicidade que

lhe é pertinente...


E como essa busca acontece?

Isso é segredo...

20 de out. de 2008

Citação da noite...

"Que é uma lágrima? A ciência dar-nos-á uma explicação positiva; a poesia dirá que é o soro da alma, a linguagem do coração"
Machado de Assis

18 de out. de 2008

Gustavo Bernardo usa boato sobre filho de Machado para criar livro

Juliana Krapp, Jornal do Brasil 17/10/2008

RIO - Corre a boca miúda que Machado de Assis teria tido um filho com a mulher de José de Alencar, seu amigo e colega de ofício. Mário de Alencar, o rebento, era epilético, de nariz adunco como o do escritor mulato.

Carregava, além das evidências físicas, o comprometedor título de eleito: era alvo de uma indisfarçada afeição do Bruxo, de quem foi o amigo mais íntimo em seus últimos anos de vida.

Verdade ou mentira, o escritor Gustavo Bernardo inspira-se na história, de leve, para o seu recém-lançado A filha do escritor. Mas, no romance, Mário é substituído por Lívia, a bela mulata que chega a um hospital psiquiátrico de Itaguaí, nos tempos atuais, jurando que é filha legítima de Machado.

É o mote para que Bernardo embaralhe referências machadianas – Lívia é protagonista do primeiro romance do Bruxo, Ressurreição, e o hospício em Itaguaí alude à Casa Verde de O alienista – em um jogo onde a própria ficção é bamba, no bom sentido. Como uma caixa dentro da outra, há camadas ficcionais que vão se abrindo, cedendo a reviravoltas e artimanhas narrativas.

Estudioso antigo da obra do autor carioca, Bernardo escreveu o livro com patrocínio do Programa Petrobras Cultural. Ressente-se da habitual – e equivocada – associação de Machado ao realismo, e desmancha-se em elogios à sua maior musa inspiradora: a ficção.

- A vida é mais intensa quando está fora da vida - garante.

Por que o senhor escolheu o boato sobre o filho bastardo de Machado de Assis como ponto de partida para o romance?

- À medida que estudo o tema, mais me convenço de que não é um mero boato. Só há uma foto de Mário de Alencar [o filho em questão]. E, nela, fica claro que ele tem o nariz do Machado, adunco, e não o do José de Alencar. A cor da pele, infelizmente, não dá para ver. Mas Mário tinha epilepsia, como Machado, e nem José ou sua mulher eram epiléticos. De qualquer forma, esse boato é interessante porque tira Machado do pedestal, joga-o em uma situação bem humana, sobretudo considerando que ele foi muito amigo de José de Alencar. Foi talvez uma das poucas pessoas do século 19 com quem Alencar não brigou. E talvez aquela com quem tivesse mais motivos para brigar.

Mário de Alencar também foi muito próximo de Machado?

- Ele cuidou de Machado nos seus últimos anos de vida, foi o amigo mais próximo. É aquele para quem o Bruxo mais fez confidências em suas cartas [ou no que sobrou delas, uma vez que o escritor tinha o hábito de queimar suas correspondências]. Não sei se Mário, caso fosse mesmo filho, sabia disso. Mas outro dado importante é que, contrariando sua postura extremamente ética, Machado fez o diabo para tornar Mário um imortal da Academia Brasileira de Letras. Ele não tinha nenhuma obra publicada, mas conseguiu assim mesmo.

Por que é uma filha – Lívia – e não um filho – Mário – que aparece em seu romance?

- Bem, muitos machadianos ficam indignados com essa fofoca. Mas o que determinou minha escolha é o fato de uma personagem como Lívia me permitir trabalhar em vários níveis. Para começar, pude simular um retorno à vida dessa personagem de Machado, protagonista de Ressurreição. Que, para variar, não é Capitu. Capitu já cansou. E também porque a Lívia é uma pré-Capitu. Ambas estão ligadas a temas parecidos, embora, em Ressurreição, claramente não haja nenhum tipo de traição. Acho, por exemplo, que tanto Lívia quanto Capitu eram negras, embora Machado não diga isso.

Como, então, sabemos que eram negras?

- Em Capitu é mais fácil. Ela era filha de um agregado pobre, vestia roupas remendadas. Embora Machado a descreva com pele e olhos claros, essa ênfase não seria suficiente para despistar o fato de que ela era mestiça, ou seja, mulata. Há também a alusão ao cabelo rebelde, enrolado. E a sensualidade, o movimento decidido de Capitu, que é muito mais homem que o Dom Casmurro, é outra pista. Lívia é mais um efeito disso para mim. Em Ressurreição não há as levíssimas sugestões que aparecem em Dom Casmurro. Mas, como em meu livro ela é filha de Machado, a pele escurece.

É o jogo da ficção que o guia neste livro, não?

- Tenho a convicção de que todos os discursos são ficções. Tudo o que a gente fala, inclusive esta entrevista, é um jogo ficcional. Só que a literatura se assume assim, enquanto os outros discursos, inclusive o jornalístico, não podem fazê-lo. A filha do escritor é uma pálida tentativa de acompanhar a herança de Miguel de Cervantes, que é uma meta-ficção radical, a idéia de que a gente vive muito mais intensamente em situações de ficção do que em situações reais. A vida é mais intensa quando está fora da vida. E Machado tinha claríssimo esse jogo de Cervantes: ele brinca com a ficção o tempo todo.

E como o senhor planeja essas camadas de ficção?

- Eu sempre tive facilidade grande para frases poéticas. Gosto de contrabandear poesia na prosa. Tenho dificuldades para o enredo, para a contação de histórias. Então, quando surge uma idéia, eu a exploro ao máximo. Neste caso, a idéia é a filha de Machado reaparecer 100 anos depois de sua morte. Faço disso uma mistura de dois tempos, e de realidade e ficção. O barato é ver aonde vai dar. Porque em alguma hora o texto me carrega. O grande prazer é o momento em que se consegue derrubar o racional, desatar o professor, quebrar as classificações. Aí o texto vai sozinho, e eu vou atrás, descobrindo o que acontece.

Há algo do cinismo machadiano no livro?

- Fala-se muito de Machado como pessimista. Mas ele não é pessimista de jeito nenhum. Ele é cético e, principalmente, um grande humorista. Pois faz uma brincadeira com o discurso racional, com a arrogância: vai desmontando aqueles que se acham. Por isso eu precisei de uma voz em terceira pessoa, um interlocutor, no meu livro. Tudo culpa do Machado. Aí está o jogo dele: fazer livros contra o próprio narrador. Não é invenção minha, é do Bruxo. O narrador vai se entregando aos poucos. Esse é o Brás Cubas, é o Dom Casmurro: ao final do livro, vê-se que Bentinho é um canalha completo. Até que demorou muito, demoramos décadas para perceber isso. Acreditou-se demais em Machado.

Machado é difícil?

- Eu gosto mais de Machado agora do que nunca. Os outros dois grandes autores brasileiros, depois de certo tempo, cansam: Clarice Lispector e Guimarães Rosa. Pois eles fazem um trabalho de invenção da linguagem, frase a frase. Já Machado tem um texto muito simples, usa muito menos vocábulos que os outros autores do século 19. Machado, que todo o mundo diz que é difícil, é fácil. As frases são simples e os parágrafos, curtos. O nível de reflexão dele é que é sofisticado. E isso vai ficando, com o tempo, mais genial. Eu gosto muito de todo o Machado, e não só daquela segunda fase, que eu acho falsa. O início de Machado é muito bom. Esse primeiro romance dele, Ressurreição, é uma obra-prima.

Por isso o senhor o escolheu como inspiração?

- Sim, até para fazer um confronto com a fortuna crítica, que às vezes é uma miséria crítica. Valoriza demais o Memórias póstumas de Brás Cubas, que é um livro de fato genial. Mas o exaltam como se Machado tivesse dado um estalo e virasse gênio. Acontece que esse cinismo brincado do escritor está presente já nos primeiros contos, romances, peças. Ele não virou de repente um grande escritor, nunca foi medíocre, como acreditam alguns.

Houve excesso de Machado em 2008? Isso é bom ou ruim?

- Num certo sentido eu faço parte disso [risos]. Tem um lado que é interessante, porque retoma o Machado, o celebra, mas tem o lado da overdose, que cansa. Para mim tem sido uma boa oportunidade de quebrar um discurso em cima do escritor, este que o canonizou: o que o coloca como maior escritor brasileiro porque é realista e porque, no fundo, tem alma branca. Isso não se diz, mas está por trás do discurso da canonização. O realismo está sempre de acordo com o status quo.

E é uma grande besteira dizer que o realismo no Brasil começou em 1881 com Memórias póstumas de Brás Cubas e O mulato, de Aluísio Azevedo. São duas obras que não têm nada a ver entre si. E, além disso, determinar que uma obra chamada Memórias póstumas seja realista é um grande contra senso. Machado não só é anti-realista como tem discursos contra o realismo. A melhor frase dele é: “A realidade é boa, o realismo é que não serve para nada”.

Ele ajuda a reverter, nesse momento, não apenas o equívoco sobre si próprio, mas também com relação ao próprio realismo. O realismo é uma espécie de doença: você não consegue lidar com a ficção, então busca a realidade. Sei que é difícil lidar com uma outra realidade. Mas o barato é o elogio da imaginação, essa mentira. E Machado é o nosso grande autor contra o realismo, contra a suposição de que é possível haver uma única verdade.


CONTOS DE AMOR E CIÚME

Organizador: Gustavo Bernardo

Autor: Machado de Assis

Editora: Rocco (176 págs.)


17 de out. de 2008


Para Harold Bloom, "Machado de Assis é um milagre"

O autor de "Memórias Póstumas de BRás Cubas" é das paixões mais recentes do professor de Yale. "Só a pouco consegui ler "Brás" no original e fiquei absolutamente em choque".

"Ele é o maior literato negro, creio, da história da literatura universal", diz Harold Bloom. "Ele" é o "afro-brasileiro" Machado de Assis, um "gênio da ironia", nas palavras do crítico.

A "
ênfase" na cor da pele do escritor, pouco comum mesmo nos EUA do politicamente correto, é relacionada com um aspecto curioso desse "choque". Na mesma época em que devorou Machado, Bloom leu com fervor um romance do cubano contemporâneo Alejo Carpentier. "Achei que Carpentier tinha uma literatura negra. Machado, por outro lado, escrevia como um Laurence Sterne no Novo Mundo", conta, em referência ao inglês do século 18 autor de "Tristan Shandy".

Quando descobriu que trocara as bolas, que Machado tinha antepassados escravos e que Carpentier era branco, achou que isso precisaria ser registrado.

A
pele mulata do "Bruxo do Cosme Velho" elevou o admirado escritor fluminense à condição de "milagre". "Ironias. Ele, assim como eu, adora as ironias."

Em seu ensaio machadiano, quase todo voltado a "Brás Cubas" -modelo que segue na maior parte do livro, o da escolha de um romance ou até um personagem de cada "gênio" analisado-, ele reforça outra das "maestrias" do escritor.

"Divirto-me, e
não me entedio, diante da constatação de que, muito em breve, hei de vivenciar o meu próprio esquecimento (...). 'Memórias Póstumas', escritas do túmulo, tornam o esquecimento singularmente divertido", crava.

O
autor de "Angústia da Influência" (1973), talvez seu estudo mais importante, não acha, porém, que Machado seja dos mais influentes da língua portuguesa.

Para ele, é "o trio de grandes poetas" chamado Pessoa, presente em "Cânone Ocidental", "o gênio da língua".




GÊNIO - OS CEM AUTORES MAIS CRIATIVOS DA HISTÓRIA DA LITERATURA
Autor: Har
old Bloom
Tradução: Jo
sé Roberto O'Shea
Editora: Objetiva (832 págs.)


Fonte: Folha de São Paulo - 05/2003