30 de nov. de 2008


A água caía no seu corpo

Sentia a temperatura da água

Estava quente...


A água molhava seus cabelos, fazendo-a

ser transportada para fora de si mesma,

experimentando um mundo sensível...


Um mundo puramente sensorial...


Cada parte do seu corpo sentia a textura da água

Como se recebesse uma nova carga de energia

Ela gostava da energia da água...


O barulho da água a acalmava,

O gosto da água a saciava, embriagava,

A temperatura da água a embalava...


Sentia-se acolhida pela água...


A esponja passeava pelo seu corpo

explorando cada parte com tranquilidade,

como se o tempo caminhasse lentamente...


Deslizava a espuma e sentia o perfume

que espalhava-se com o vapor da água.

Gostava desse momento, era como se fosse único...


Deixava-se envolver...


E embora o fizesse todos os dias,

Embora fizesse parte da sua rotina,

Sabia transformá-lo, a cada dia em um momento

diferente e único...


Observava sua pele...


As gotas da água deslizavam pelo seu corpo,

Outras conseguiam ficar na pele, como se

Brincassem, fazendo um desenho abstrato...


Suas mãos passeavam por cada parte do seu corpo,

cada dobra, ombros, seios, quadris, coxas...


Seus dedos tocavam-se, sentindo

a textura da sua pele arrepiada pelo toque...


Um toque de descoberta,

Onde só ela poderia permitir-se

sentir.

28 de nov. de 2008


Caminhando pela rua, desviando

das imperfeições da calçada

ela distraia-se...


Ouvia música

e divagava com seus

pensamentos...


Estava feliz...


Uma felicidade que a impulsionava

a gritar para o mundo, mas que

ao mesmo tempo a incitava

a guardar para si mesma...


Penso que talvez tivesse medo de perdê-la...


Sinto que era a felicidade clandestina

que Clarice Lispector descreve com

muita sensibilidade...


Sim! É essa felicidade!


E é tão grande que mal cabe

dentro dela, transborda e espalha-se

pelo seu corpo...


Observamos que tudo nela é

felicidade, é nítido ver e sentir

o seu andar, sua expressão facial,

como movimenta seus lábios ao cantar

a música que está ouvindo...


Seu corpo reflete o que sente numa belíssima

sincronia, despertando o interesse

de quem a observa...


A felicidade atrai a atenção de todos...


Essa felicidade a transporta para um

mundo distante,mas ao mesmo tempo a faz

viver neste com leveza e certeza de que

está viva e inteira.


De bem consigo mesma e buscando respostas

para suas inquietações, sensações

que a vida provoca...


Sendo amante da própria felicidade,

um presente que recebeu num momento

muito especial e que a torna eterna

e pronta para amar...


Mas um "amar"com a maturidade de uma

balzaquiana e com a essência de uma

criança que está atenta às coisas mais

simples da vida.