Para Harold Bloom, "Machado de Assis é um milagre" O autor de "Memórias Póstumas de BRás Cubas" é das paixões mais recentes do professor de Yale. "Só a pouco consegui ler "Brás" no original e fiquei absolutamente em choque".
"Ele é o maiorliteratonegro, creio, da história da literaturauniversal", diz Harold Bloom. "Ele" é o "afro-brasileiro" Machado de Assis, um "gênio da ironia", nas palavras do crítico.
A "ênfase" na cor da pele do escritor, poucocomummesmonos EUA do politicamente correto, é relacionada comumaspectocurioso desse "choque". Na mesmaépocaemque devorou Machado, Bloom leu comfervorumromance do cubano contemporâneo Alejo Carpentier. "Achei que Carpentier tinha uma literaturanegra. Machado, poroutrolado, escrevia comoum Laurence Sterne no NovoMundo", conta, emreferência ao inglês do século 18 autor de "Tristan Shandy".
Quando descobriu que trocara as bolas, queMachadotinhaantepassadosescravos e que Carpentier erabranco, achou queisso precisaria ser registrado.
A pelemulata do "Bruxo do Cosme Velho" elevou o já admirado escritorfluminense à condição de "milagre". "Ironias. Ele, assimcomoeu, adora as ironias."
Emseuensaiomachadiano, quasetodo voltado a "Brás Cubas" -modelo que segue na maiorparte do livro, o da escolha de umromanceouatéumpersonagem de cada "gênio" analisado-, elereforçaoutra das "maestrias" do escritor.
"Divirto-me, e nãome entedio, diante da constatação de que, muitoembreve, hei de vivenciar o meupróprioesquecimento (...). 'Memórias Póstumas', escritas do túmulo, tornam o esquecimentosingularmentedivertido", crava.
O autor de "Angústia da Influência" (1973), talvezseuestudomaisimportante, nãoacha, porém, queMachado seja dos mais influentes da língua portuguesa.
Paraele, é "o trio de grandespoetas" chamado Pessoa, jápresenteem "CânoneOcidental", "o gênio da língua".
GÊNIO - OS CEM AUTORES MAIS CRIATIVOS DA HISTÓRIA DA LITERATURA Autor: Harold Bloom
Tradução: José Roberto O'Shea
Editora: Objetiva (832 págs.)
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